segunda-feira, 25 de maio de 2009

O difícil trabalho de recuperar usuários de drogas no município de Nova Santa Rita

Epidemia do crack mudou o tratamento nas comunidades terapêuticas da cidade.
Daiane Poitevin/Da Redação

Nova Santa Rita - Quem entra na fazenda da Comunidade Terapêutica Nova Esperança, em Nova Santa Rita, não imagina que aqueles trabalhadores estão se recuperando do uso de drogas. No espaço, jovens e adultos, com difíceis histórias de vida, tentam se reencontrar. Muitos perderam empregos, as famílias, a dignidade e o respeito, mas buscam uma última chance de retornar à vida normal. O local se mantém com a mensalidade cobrada dos 44 internos, de parcas doações da comunidade e do auxílio-doença de alguns internos. "Não recebemos dinheiro algum do governo. Nos mantemos como podemos’’, disse o representante da comunidade, Airton Mello. Segundo ele, o tratamento dura de nove meses a um ano e é baseado no tripé: terapia ocupacional, espiritualidade e disciplina. Fundada há seis anos, a comunidade já recuperou centenas de usuários de drogas. Um exemplo é um homem de 42 anos que morava em Fortaleza (CE) e veio para o Rio Grande do Sul para se tratar. Ele está a um mês de deixar a comunidade. Conta que trabalhava como garçom em um restaurante à beira-mar e sustentava o filho de 14 anos. Por causa das amizades, envolveu-se com as drogas. Perdeu não só o emprego e a guarda do filho como o sentido da vida e os valores. "Perdi o respeito por mim mesmo, perdi tudo. Agora quero ficar aqui no RS, afastar-me de Fortaleza, pois lá tinha contato com as pessoas que vendiam as drogas. Quero voltar a viver com meu filho, ao lado de pessoas saudáveis.’’ O mesmo sentimento do homem é esperado pelo jovem de 22 anos, que há uma semana chegou ao local. Morador de Sapucaia, o rapaz resolveu se tratar quando percebeu que já não amava a esposa e a filha de oito meses. Os primeiros sete dias foram difíceis, mas ele não pensa em desistir. "Quero aprender tudo de novo, quero viver, ser uma nova pessoa." Quem quiser ajudar a comunidade pode ligar para Airton (telefone 9835.9589) ou para Rafael Soares (9614.4916).

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