sexta-feira, 22 de maio de 2009

DESAFIO DE TODOS

Em maio de 1989, surgia no Vale do Quilombo, na divisa dos municípios de Gramado e Três Coroas, um projeto pioneiro na recuperação de dependentes químicos em nível de região. Eram outros tempos, e o foco principal do trabalho estava direcionado para usuários de maconha e cocaína, drogas mais em evidência naquela virada de década, assim como o álcool.Chegamos a maio de 2009, e eis que encontramos o Desafio Jovem num outro momento, comemorando vinte anos de atividades, como mostra matéria desta edição do Panorama. Os tempos mudaram, e o que era uma estrutura incipiente, fincada num vale recôndito do interior, ganhou dimensões bem maiores, inclusive ali onde tudo começou. Ao mesmo tempo, adquiriu visibilidade urbana, com a implantação de uma moderna pizzaria na área central de Três Coroas, onde os internos completam o processo de libertação das drogas.Agora, o movimento se prepara para um novo passo. Quer transcender as fronteiras da região e chegar ao Vale do Sinos, implantando, em Novo Hamburgo, uma estrutura gastronômica com proposta semelhante e dimensões ainda maiores do que as existentes na cidade de origem.É um crescimento emblemático numa época em que o problema da drogadição está cada vez mais presente nas preocupações da sociedade. Isso porque o número de viciados segue em franca expansão, em que pese todas as campanhas de esclarecimento que vêm sendo feitas, enfatizando os graves malefícios que a dependência química gera no organismo de uma pessoa.Como se não bastasse o aumento da população a ser recuperada, surge um novo desafio tão ou mais difícil de ser enfrentado. É o avanço de novas drogas que se somam às demais, entre as quais o crack desponta como a mais assustadora de todas elas, por combinar um custo acessível com um poder destrutivo bem mais potente do que outras difundidas anteriormente. A situação chega a tal ponto de gravidade que se fala assumidamente numa verdadeira epidemia, que só no Rio Grande do Sul registra mais de 50 mil dependentes assumidos, embora o número de usuários deva ser bem maior.Trabalhar com essa nova realidade exige das instituições especializadas na recuperação de drogados, como é o caso do Desafio Jovem, a revisão de métodos, procedimentos e estruturas, porque sabidamente os níveis de exigência agora são bem maiores para libertar os dependentes do mal que os aprisiona.Mas este é um desafio que não pode ser enfrentado apenas por alguns. Pelo contrário, requer o engajamento de todos sob pena de se tornar algo intransponível, trazendo consequências dolorosas e nefastas para famílias, instituições e sociedade em geral num futuro próximo.

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