segunda-feira, 8 de junho de 2009

Apoio de profissionais e de familiares é determinante na luta contra o vício do crack






O usuário de crack se marginaliza tão rápido que, às vezes, só procura reabilitação se for obrigado (em geral, pela Justiça)

Desde a década de 90, quando chegou o Brasil, o crack é chamado de droga da morte — mais letal e devastadora que muitas outras. O derivado da cocaína foi a segunda causa de atendimentos na unidade de tratamento da Prefeitura de Joinville em 2008. Só perdeu para o álcool. O usuário de crack se marginaliza tão rápido que, às vezes, só procura reabilitação se for obrigado (em geral, pela Justiça). É a principal diferença em relação às outras drogas — a velocidade com que a degradação da vida social chega e afasta do tratamento os que deveriam ser os mais interessados na recuperação. Tudo é verdade, menos dizer que a recuperação de quem se torna dependente dessa droga é impossível. Ela é rara, mas é possível. A dependência química é uma doença crônica que tem impacto diferente em cada pessoa e exige tratamento contínuo. Mesmo chegar à sobriedade é uma meta a ser construída. Dois anos após o início da recuperação, recaídas são esperadas, calcula a terapeuta ocupacional Lisete Maria Borba, coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Caps AD), de Joinville, onde é feito o atendimento pós-desintoxicação. — Tenho pacientes que estão cinco anos sem usar crack. Depende de vários fatores, como uma família estruturada, apoio e vontade — afirma. O meio social é decisivo. O filho de pais dependentes dificilmente vai vencer o fator de risco dentro da própria casa. Quando é internado, o usuário de crack se difere no comportamento. Costuma ser mais hiperativo e impaciente. Na Fazenda da Esperança, em Garuva, isso prejudica o trabalho na horta (um apoio central do tratamento). — Eles se irritam fácil e não dão sequência ao trabalho — diz o coordenador geral, Tarquinio Nogueira. É o resultado da interferência da droga no sistema neurológico do usuário. Em Joinville (e no Estado), faltam lugares para internação. Não há cálculo sobre os números. Não há instituição que cuide de mulheres maiores de idade, ou mulheres e seus filhos recém-nascidos. O número de vagas para menores também é restrito. A Secretaria de Assistência Social tem convênios com cerca de 30 comunidades terapêuticas. A secretaria ainda estuda a renovação dos contratos neste ano. Não é certo que o aumento no número de vagas sociais (gratuitas) vá aumentar. As comunidades são a salvação dos doentes em tratamento. São cerca de cem em Santa Catarina.

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